DIÁLOGO ENTRE BABIECA E ROCINANTE
SONETO
B. Como estás, Rocinante, tão delgado?
R. Porque nunca se come, e se trabalha.
B. Pois, que é da cevada e da palha?
R. Não me deixa meu amo nem um bocado.
B. Vai, senhor, que estais mui malcriado
pois vossa língua de asno ao amo falha.
R. Asno se é do berço à mortalha.
Quere-lo ver? Olhai-o enamorado.
B. É necessidade amar?
R. Não é grande imprudência.
B. Metafísicos estais.
R. É que não como.
B. Queixa-vos do escudeiro.
R. Não é bastante.
Como me hei de queixar em minha
dolência.
Se o amo e escudeiro ou mais mordomo
São tão rocins como Rocinante?
Friday, December 07, 2007
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