Friday, November 30, 2007


O roubo no presbitério.

Os fatos do roubo na casa paroquial chegaram a nós principalmente através do pastor e de sua esposa. Aconteceu na madrugada da segunda-feira de Pentecostes - o dia dedica às festividade do Clube em Iping. Parece que a sra. Bunting tinha acordado de repente, no silêncio que precede o amanhecer, com a forte impressão de que a porta do quarto do casal havia sido aberta e fechada. A princípio não acordou o marido, mas sentou-se na cama, atenta. Depois, ouviu nitidamente o arrastar de pés descalços saindo do quarto de vestir ao lado e andando pelo corredor até a escada. Tão logo teve certeza disso, acordou o sr. Bunting, fazendo o menor barulho possível. Este não acendeu a luz, mas pondo os óculos, o roupão da mulher e seus chinelos, foi até o patamar e ficou escutando. Ouviu distintamente remexerem na mesa do escritório no andar inferior e depois um espirro violento.

Diante disso, voltou ao quarto, armou-se com a arma mais óbvia, o atiçador, e desceu a escada tão silenciosamente quanto pôde. A sra. Bunting saiu para o patamar.

ram cerca de quatro horas e a escuridão fechada da noite se fora. Havia um leve reflexo de luz no vestíbulo, mas a porta do escritório estava escancarada para uma obscuridade impenetrável. Tudo continuava quieto e só se ouvia o ligeiro ranger dos degraus sob os passos do sr. Bunting e os movimento quase imperceptíveis no escritório. Então, alguma coisa estalou, a gaveta abriu-se e houve um farfalhar de papéis. Depois disso uma imprecação, um fósforo acendeu-se e inundou o escritório com sua luz amarela. O sr. Bunting, já no vestíbulo, viu através de uma fresta da porta, a escrivaninha com a gaveta aberta e uma vela ardendo sobre a mesa. Mas não conseguiu ver o ladrão. Ficou parado ali, sem saber o que fazer e a sra. Bunting, pálida e hesitante, desceu lentamente a escada para juntar-se a ele. Só uma coisa mantinha a coragem do sr. Bunting: a certeza de que aquele ladrão era um morador da aldeia.

Ouviram o tilintar de dinheiro e compreenderam que o ladrão tinha encontrado a reserva doméstiva de ouro - duas libras e dez, tudo em meios soberanos. A este som, o sr. Bunting animou-se a tomar uma atitude drástica. Segurando o atiçador com firmeza precipitou-se para o cômodo, seguido de perto pela sra. Bunting. - Renda-se - gritou o sr. Bunting ferozmente e parou, surpreso: a sala estava completamente vazia.

Entretanto, a impressão de ambos, de que tinham naquele exato momento, ouvido alguém mover-see na sala, transformou-se em certeza. Ficaram de boca aberta, talvez por meio miniot e então a sra. Bunting atravessou o aposento e olhou atrás das cortinas, enquanto o sr. Bunting, levado por um impulso semelhante, olhava embaixo da mesa. A sr. Bunting descerrou as cortinas e o sr. Bunting olhou pela chaminé, experimentando-a com o atiçador. Aí a sra. Bunting examinou a cesta de papéis e o sr. Bunting abriu a tampa do depósito de carvão. E detiveram-se, olhando um para o outro interrogativamente.

- Poderia jurar... - começou a sra. Bunting.
- A vela! - exclamou o sr. Bunting. - Quem acendeu a vela?
- A gaveta! - secundou-o a sra. Bunting. - E o dinheiro sumiu! - Apressadamente foi até a porta.
- Foi a coisa mais estranha...

Ouviram um espirro alto, no corredor. Saíram correndo e, no mesmo momento, a porta da cozinha bateu com estrondo. - Traga a vela - disse o sr. Bunting, e foi na frente. Ambos escutaram o som de ferrolhos precipitadamente abertos.

Quando ele puxou a porta da cozinha viu, além da pia, que a porta dos fundos estava se abrindo e a luz fraca do início da manhã só mostrava as moitas escuras do jardim do lado de fora. Tinha a certeza de que nada havia saído pela porta. Porém esta abriu-se, ficou aberta um instante e depois fechou-se violentamente. Nesse instante a vela do escritório que a sra. Bunting estava carregando tremeluziu e brilhou de novo. Passou-se mais de um minuto atens que entrassem na cozinha.

Estava vazia. Fecharam novamente a porta dos fundos, examinaram a cozinha, despensa e copa minuciosamente e, por fim, desceram ao porão. Não havai uma alma na casa, por mais que procurassem.

A luz do dia encontrou o vigário e a mulher, um parzinho vestido com roupas antiquadas, ainda assombrado em sua propriedade, à luz desnecessária de uma vela gotejante.


WELLS. H. G. capítulo 5. O Homem invisível.

Thursday, November 29, 2007

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